Mutirão realiza rastreamento do câncer colorretal
Parceria com hospitais possibilita a oferta do exame de colonoscopia a pacientes que aguardam na fila do SUS
A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Regional Minas Gerais (Sobed MG), em parceria com hospitais da capital mineira, realiza o mutirão de rastreamento do câncer colorretal. Cerca de 300 pacientes serão retirados da extensa fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer o exame de colonoscopia A ação é alusiva ao ‘Março Azul’, mês dedicado à mobilização de profissionais de saúde e sociedade civil para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da doença.
De acordo com a apuração do Ministério Público Federal, em dados do final de fevereiro, mais de 23 mil pacientes estão na fila para exames de colonoscopia, sendo 4,5 mil classificados como prioridade vermelha-alta, necessitando de atendimento urgente, especialmente os pacientes com suspeita de câncer. O presidente da Sobed MG, Rodrigo Roda, explica que a oferta da colonoscopia visa, não apenas diminuir a fila do SUS, mas conscientizar as pessoas de que precisam solicitar ao médico especialista o encaminhamento para o exame a partir dos 45 anos de idade. “É um exame rápido, seguro e realizado sob anestesia, que permite o diagnóstico dos chamados pólipos. Essas verrugas que aparecem no intestino devido a mutações genéticas podem crescer e virar câncer”, esclarece.
Roda completa que o processo entre o aparecimento do pólipo até um possível câncer leva cerca de dez anos. “Por isto, temos uma chance única de retirá-los e impedir o aparecimento do tumor colorretal”, destaca. Outra forma comum de rastreamento inclui a pesquisa de sangue oculto nas fezes, mas que, segundo o presidente da Sobed MG, não é tão confiável. “O câncer de intestino, quando encontrado nas fases iniciais, possui uma chance de cura de aproximadamente 95%, por este motivo é tão importante a realização da colonoscopia no momento correto”, pontua.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê para o período entre 2023 e 2025 cerca de 45 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil, número que ressalta a urgência de ações preventivas e de conscientização em todo o país. Cerca de 85% dos casos no Brasil são diagnosticados em fases avançadas, o que reduz significativamente as chances de cura e aumenta os custos e complexidade do tratamento.
Além de hospitais credenciados ao SUS, em Belo Horizonte, o mutirão conta com a parceria da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, a Sociedade Brasileira de Coloproctologistas e a Federação Brasileira de Gastrenterologia.
Sintomas
O câncer colorretal não causa sintomas em suas fases iniciais. Quando há alteração do hábito intestinal, dor abdominal, presença de sangue nas fezes ou obstrução, o câncer já tende a estar em fases mais avançadas, onde a cura é menos provável. Por isso, a prevenção é a arma mais poderosa. Cuidar da alimentação e adotar hábitos saudáveis pode impedir o aparecimento da doença.
“Uma dieta pobre em frutas, vegetais, carnes magras e alimentos com fibras, assim como o consumo excessivo de carnes vermelhas e/ou processadas, potencializa o risco para a doença. O sedentarismo, ingestão de bebidas alcóolicas e tabagismo são fatores importantes”, alerta o endoscopista e presidente da Sobed MG, Rodrigo Roda. A presença de algumas doenças pode aumentar as chances de desenvolver a neoplasia. É o que ocorre em portadores de retocolite ulcerativa crônica e da doença de Crohn, por exemplo.