O respeito nos une

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Capacitismo: o que precisamos saber sobre o preconceito com as pessoas com deficiência

Conheça a história e o legado deixado pelo neurocirurgião Luiz Roberto que nos traz grandes aprendizados sobre o preconceito e a discriminação. Lamentavelmente, Dr. Luiz nos deixou durante a divulgação dessa campanha, mas seu legado e suas valiosas contribuições sobre o tema capacitismo permanecerão vivos.

Quase 19 milhões de pessoas com mais de 2 anos possuem algum tipo de deficiência, representando 8,9% da população brasileira, segundo as informações do Censo 2022.

Apesar desse grande número, o preconceito e a discriminação com as Pessoas com Deficiência (PCD) continuam obstruindo o caminho rumo à inclusão. “Coitadinho, especial, limitado, incapaz” são apenas alguns dos termos que grande parte das pessoas com deficiência já ouviu. Como consequência, além das condições de natureza física, sensorial, mental ou intelectual que enfrentam, essas pessoas ainda têm que lidar com o capacitismo.

Capacitismo: o que é?

O capacitismo é a discriminação ocorrida por meio de determinados tratamentos, formas de comunicação, práticas e barreiras que impedem o pleno exercício da cidadania das pessoas com deficiência. Ele é caracterizado, principalmente, quando se pressupõe que alguém é incapaz apenas pelo fato de possuir alguma deficiência.

Segundo dados do Disque 100, canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), foram registradas 394.482 violações contra as pessoas com deficiência no país em 2023. Na comparação com 2022, o crescimento foi de 50%. Entre os tipos de denúncias mais recorrentes, destacam-se negligência à integridade física (47 mil denúncias), exposição de riscos à saúde (43 mil), maus tratos (37 mil) e tortura psíquica (34 mil).

Conheça a história do Luiz Roberto*

*O depoimento do Luiz Roberto foi gravado em abril deste ano. Durante a divulgação da campanha “Diversidade e Respeito”, ele nos deixou, mas seu legado e suas valiosas contribuições sobre o tema “capacitismo” permanecerão vivos em nossos corações. Sua história e compromisso com a inclusão continuarão inspirando cada um de nós. Nosso agradecimento especial à família do Dr. Luiz Roberto, que autorizou a veiculação deste conteúdo.

Luiz Roberto, médico Neurocirurgião por mais de 35 anos, professor da PUC Minas por mais de 40 anos, contou em depoimento como conseguiu tornar-se médico mesmo com as limitações físicas adquiridas ainda bebê, quando enfrentou a poliomielite.

“A minha infância foi marcada por grandes dificuldades motoras devido às sequelas da poliomielite. Tenho uma atrofia muscular importante, com fraqueza na perna e no braço direito. A minha família era muito pobre e eu morava muito distante da escola. Com isso, não conseguia frequentar as aulas regularmente e acabei concluindo o ensino infantil apenas aos 14 anos de idade. Nessa época, fui morar com os meus tios, que considero como pais, e a minha vida tomou um rumo mais tranquilo.”

Luiz contou que o preconceito acabou impedindo-o de viver uma infância comum a qualquer garoto da sua idade. “Quando criança me chamavam de aleijadinho e isso me deixava com muita raiva. Eu não entendia que isso era preconceito, mas com essas falas fui criando dentro de mim mesmo um preconceito pessoal, o que acabou me impedindo de fazer coisas básicas como vestir short para não expor a perna, usar sempre camisas de manga longa para não mostrar o braço atrofiado.”

Somente após vencer a barreira pessoal é que Luiz Roberto passou a encarar os julgamentos com mais coragem. “Na vida adulta, eu sempre tive um bom relacionamento com os meus colegas, mas percebia os olhares quando achavam que eu não tinha capacidade para fazer determinadas coisas devido à minha condição física.”

Depois de formado, Luiz optou pela neurocirurgia, especialidade considerada complexa do ponto de vista físico, já que grande parte das cirurgias são muito longas e os profissionais atuam na maior parte do tempo em pé.

Apesar de ter tratado as adversidades vividas com leveza, Luiz Roberto lamentou que pessoas com necessidades especiais sejam vítimas de preconceito e tenham a capacidade profissional questionada devido às limitações físicas. E deixou um recado aos colegas médicos.

“O médico é um formador de opinião e com importância fundamental nessa luta contra o preconceito. Em especial, contra o capacitismo, você pode orientar familiares e as pessoas, de um modo geral, como devem se comportar diante do indivíduo com necessidade especial, respeitando e entendendo que não há limitações quando se quer. ”

CLIQUE E ASSISTA AO VÍDEO DO MÉDICO LUIZ ROBERTO.

Fique por dentro: termos e atitudes capacitistas

:: Alguns exemplos de termos capacitistas são: “dar uma de João sem braço”, “não temos braço para isso”, “desculpa de aleijado é muleta”, “cego de raiva, sequelado, maluco, retardado, mongoloide, demente, capenga, deformado, surdo/mudo.

:: Já atitudes capacitistas acontecem, por exemplo, quando: há surpresa porque uma pessoa com deficiência concluiu a graduação, a pós, ou outro curso; não entendem como uma PCD consegue cuidar dos filhos, morar sozinha ou ser independente; dizem que a pessoa com deficiência parece “tão normal”.

Confira mais informações no site https://comunicacao.unimedbh.com.br/diversidade que traz uma cartilha explicativa e todas as informações sobre a campanha.