Exposição de Junho

Exposição de Junho

‘CORPO E C O’ é a exposição de junho

Um determinado som ecoa pelo corpo humano. Ao se propagar pelo coração, músculos e artérias, ele adquire novas sonoridades e coreografa formas não audíveis ou visíveis. O som dança e, em seus ritmos, na pista de dança da corrente sanguínea, desenha linhas, espaços vagos, curvas, retas intermitentes.

A vida profissional do médico Gui Mazzoni se inclinou para o estudo, ensino, aplicação e análise de resultados da ultrassonografia, técnica fundamental para diagnósticos lançada na medicina nos anos 1940. O ultrassom emite sons que rastreiam o corpo e ecoam um bailado de ondas sonoras. Esses ecos, inaudíveis, são transformados em imagens que sinalizam nossas formas interiores.

Com o passar dos anos, Gui percebeu que nessa relação científica entre som e imagem, na qual uma sonoridade ganha equivalência em forma gráfica, residia também uma mutação de ordem artística, na qual uma linguagem é vertida em outra para ganhar sua expressão no mundo. Assim como o pincel do pintor constrói paisagens livremente, ou a câmera fotográfica é o veículo por meio do qual vertemos realidade em representação, Gui passou a utilizar o transdutor – aparelho que emite e recebe os sons durante o exame de ultrassom – como sua ferramenta artística.

Seu próprio corpo tornou-se seu ‘CORPO E C O’. Ao utilizar o transdutor de forma não tradicional, o artista pediu licença ao médico e passou a investigar novas possibilidades tecnicamente não previstas para o aparelho, como o filósofo tcheco Vilém Flusser sugeriu que os artistas deveriam fazer com os aparatos fotográficos, em seu célebre livro Filosofia da Caixa Preta. Segundo ele, os artistas precisariam deixar de ser meros funcionários que cumprem o que os engenheiros determinaram para o equipamento, para liberar imagens poéticas enclausuradas pelo determinismo científico.

Esse gesto original e libertário de Gui o levou a descortinar uma miríade de imagens envolventes, sinuosas, multicores. O som que reverbera em seu corpo verteu-se em espécies de partituras musicais que se manifestam em formas que aludem a tridimensionalidade, ganham espacialidade, se expandem além dos suportes que tentam contê-las. Essa exposição trata-se de uma incursão errática e dançante por dentro do corpo do próprio artista. São, inesperadamente, autorretratos.

Recém anunciada como finalista do prestigiado Prêmio Conrado Wessel de Fotografia 2023, a série CORPO E C O de forma original abre uma fresta entre a ciência e a arte para criar novas fronteiras de percepção acerca da magia da existência, da aventura que é habitar um corpo e dos fascinantes fenômenos biológicos que envolvem a geração e pulsão da vida.

Autoria e Curadoria: Eder Chiodetto

As obras da mostra ‘CORPO E C O’ ficam expostas até o final do mês de junho, de 8h às 21h, de segunda a sábado. O Espaço Cultural Otto Cirne está localizado no hall de entrada do Centro de Convenções e Eventos da AMMG e é destinado à exposição de obras de arte de autoria de associados e seus dependentes. Médicos não associados e artistas não médicos podem utilizar o espaço, dependendo da disponibilidade na agenda. Interessados devem entrar em contato com a Assessoria de Comunicação, pelo telefone (31) 3247 1608 ou e-mail comunicacao@ammg.org.br.

Imprensa AMMG