Discriminação contra a mulher: precisamos falar sobre isso
A médica Psiquiatra, Vanuza Fortes Ribeiro, relembra como precisou vencer o preconceito para ganhar reconhecimento na escolha profissional e na vida.
O preconceito e a violência contra as mulheres não são recentes na história da humanidade. As sociedades são tradicionalmente patriarcais e produzem relações assimétricas entre homens e mulheres.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, divulgou em 2023 um relatório que revela que 90% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito contra as mulheres. O estudo, que cobriu 85% da população mundial, ainda aponta que duas em cada cinco pessoas acreditam que os homens se saem melhor como executivos. O relatório também apontou que 25% dos entrevistados acreditam que “é justificável um homem agredir sua companheira.” Segundo o Pnud, não houve melhora no nível de preconceito contra as mulheres na última década.
Há muitos anos, as mulheres seguem buscando um tratamento equitativo na sociedade, seja pelo direito aos mesmos salários e condições de trabalho, ou ainda, pelos direitos reprodutivos, nos movimentos contra os padrões estéticos e sua representação no discurso midiático, bem como no combate à violência contra a mulher. A caminhada ainda é grande quando se pensa em respeito e igualdade entre os gêneros.
Alguns dados reforçam a importância desse tema:
Quatro mulheres morreram por dia no País em 2023 por motivos relacionados à sua condição de gênero – ao todo, foram 1.463, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou em março de 2024. É o maior patamar já registrado no País desde 2015, quando a lei que tipifica o crime de feminicídio entrou em vigor e, consequentemente, o crime começou a ser contabilizado.
As mulheres ganham 19,4% a menos que os homens no Brasil. Em cargos de dirigentes e gerentes, a diferença de remuneração chega a 25,2%. (Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres).
A dupla jornada é um dos fatores que também apontam diferenças entre homens e mulheres: elas dedicam quase o dobro do tempo dos homens para afazeres domésticos. Em 2022, eram em média 21,6 horas semanais para os afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas. Entre os homens, a média era de 11 horas por semana. (Estudo de Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgado pelo IBGE 2024).
É preciso uma mudança cultural para seguirmos evoluindo. Pesquisas recentes mostram que incentivar o protagonismo feminino e investir em equidade de gênero resultam em bons negócios. Estudos conduzidos pelo FMI e pelo McKinsey Global, por exemplo, mostram que uma maior diversidade de gênero em cargos de liderança está associada a uma maior rentabilidade e a obtenção de excelência organizacional.
Conheça a história da Vanuza
Formada em 1979 pela Faculdade Federal de Minas Gerais (UFMG), Vanuza Fortes Ribeiro, médica da Psiquiatria, precisou vencer o preconceito para ganhar reconhecimento na escolha profissional e na vida.
“Eu ouvi de vários professores que Medicina não era coisa para mulher. Eu me lembro de um professor que chegou a comentar que a entrada de mulheres na Medicina iria desvalorizar a profissão médica e, com isso, reduzir os salários dos homens.”
Ela conta que viveu inúmeros momentos difíceis ao longo da sua vida e que sempre foi incansável ao batalhar pela igualdade em uma sociedade marcada pelo machismo e pela desigualdade de gênero. “Por várias vezes fui prejudicada profissionalmente e deixei de ter um bom cargo e, ao questionar, eu sempre ouvia “Você é mulher e seu pai te sustenta”. Depois passou a ser ‘Você não precisa de dinheiro, o seu marido te sustenta”. Isso era muito comum, frequente. A todo momento eu ouvia e vivia tentativas de desvalorização da minha competência”.
Vanuza também lembra que as ‘piadinhas’ e as ‘brincadeirinhas’ ainda existem. “Se nos posicionamos de uma maneira mais firme, logo nos perguntam se estamos de TPM. Somos confrontadas a todo momento simplesmente por sermos mulheres”.
“O respeito nos une”
Em maio deste ano, a Unimed-BH, com o apoio do Conselho Regional de Minas Gerais (CRM-MG), da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), da Unimed Federação Minas e da Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom), lançou um movimento pela valorização da diversidade e o combate ao assédio em um evento destinado a todos os médicos do Estado.
Os médicos que participaram da campanha representam tantas outras pessoas que são alvo de atitudes discriminatórias, algumas vezes por meio de perguntas ou comentários inapropriados, que apenas dão luz a questões culturais ainda muito enraizadas na nossa sociedade.
Para conhecer toda a campanha acesse https://comunicacao.unimedbh.com.br/diversidade
Como atuar para não compactuar com a discriminação contra a mulher?
Clique aqui e acesse a cartilha para ler mais sobre o tema EMPODERAMENTO FEMININO.
https://static.unimedbh.io/gecc/uploads/CAPITULO_EMPODERAMENTO_FEMININO.pdf