Dia: 27/08/2024

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O respeito nos une

Capacitismo: o que precisamos saber sobre o preconceito com as pessoas com deficiência Conheça a história e o legado deixado pelo neurocirurgião Luiz Roberto que nos traz grandes aprendizados sobre o preconceito e a discriminação. Lamentavelmente, Dr. Luiz nos deixou durante a divulgação dessa campanha, mas seu legado e suas valiosas contribuições sobre o tema capacitismo permanecerão vivos. Quase 19 milhões de pessoas com mais de 2 anos possuem algum tipo de deficiência, representando 8,9% da população brasileira, segundo as informações do Censo 2022. Apesar desse grande número, o preconceito e a discriminação com as Pessoas com Deficiência (PCD) continuam obstruindo o caminho rumo à inclusão. “Coitadinho, especial, limitado, incapaz” são apenas alguns dos termos que grande parte das pessoas com deficiência já ouviu. Como consequência, além das condições de natureza física, sensorial, mental ou intelectual que enfrentam, essas pessoas ainda têm que lidar com o capacitismo. Capacitismo: o que é? O capacitismo é a discriminação ocorrida por meio de determinados tratamentos, formas de comunicação, práticas e barreiras que impedem o pleno exercício da cidadania das pessoas com deficiência. Ele é caracterizado, principalmente, quando se pressupõe que alguém é incapaz apenas pelo fato de possuir alguma deficiência. Segundo dados do Disque 100, canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), foram registradas 394.482 violações contra as pessoas com deficiência no país em 2023. Na comparação com 2022, o crescimento foi de 50%. Entre os tipos de denúncias mais recorrentes, destacam-se negligência à integridade física (47 mil denúncias), exposição de riscos à saúde (43 mil), maus tratos (37 mil) e tortura psíquica (34 mil). Conheça a história do Luiz Roberto* *O depoimento do Luiz Roberto foi gravado em abril deste ano. Durante a divulgação da campanha “Diversidade e Respeito”, ele nos deixou, mas seu legado e suas valiosas contribuições sobre o tema “capacitismo” permanecerão vivos em nossos corações. Sua história e compromisso com a inclusão continuarão inspirando cada um de nós. Nosso agradecimento especial à família do Dr. Luiz Roberto, que autorizou a veiculação deste conteúdo. Luiz Roberto, médico Neurocirurgião por mais de 35 anos, professor da PUC Minas por mais de 40 anos, contou em depoimento como conseguiu tornar-se médico mesmo com as limitações físicas adquiridas ainda bebê, quando enfrentou a poliomielite. “A minha infância foi marcada por grandes dificuldades motoras devido às sequelas da poliomielite. Tenho uma atrofia muscular importante, com fraqueza na perna e no braço direito. A minha família era muito pobre e eu morava muito distante da escola. Com isso, não conseguia frequentar as aulas regularmente e acabei concluindo o ensino infantil apenas aos 14 anos de idade. Nessa época, fui morar com os meus tios, que considero como pais, e a minha vida tomou um rumo mais tranquilo.” Luiz contou que o preconceito acabou impedindo-o de viver uma infância comum a qualquer garoto da sua idade. “Quando criança me chamavam de aleijadinho e isso me deixava com muita raiva. Eu não entendia que isso era preconceito, mas com essas falas fui criando dentro de mim mesmo um preconceito pessoal, o que acabou me impedindo de fazer coisas básicas como vestir short para não expor a perna, usar sempre camisas de manga longa para não mostrar o braço atrofiado.” Somente após vencer a barreira pessoal é que Luiz Roberto passou a encarar os julgamentos com mais coragem. “Na vida adulta, eu sempre tive um bom relacionamento com os meus colegas, mas percebia os olhares quando achavam que eu não tinha capacidade para fazer determinadas coisas devido à minha condição física.” Depois de formado, Luiz optou pela neurocirurgia, especialidade considerada complexa do ponto de vista físico, já que grande parte das cirurgias são muito longas e os profissionais atuam na maior parte do tempo em pé. Apesar de ter tratado as adversidades vividas com leveza, Luiz Roberto lamentou que pessoas com necessidades especiais sejam vítimas de preconceito e tenham a capacidade profissional questionada devido às limitações físicas. E deixou um recado aos colegas médicos. “O médico é um formador de opinião e com importância fundamental nessa luta contra o preconceito. Em especial, contra o capacitismo, você pode orientar familiares e as pessoas, de um modo geral, como devem se comportar diante do indivíduo com necessidade especial, respeitando e entendendo que não há limitações quando se quer. ” CLIQUE E ASSISTA AO VÍDEO DO MÉDICO LUIZ ROBERTO. Fique por dentro: termos e atitudes capacitistas :: Alguns exemplos de termos capacitistas são: “dar uma de João sem braço”, “não temos braço para isso”, “desculpa de aleijado é muleta”, “cego de raiva, sequelado, maluco, retardado, mongoloide, demente, capenga, deformado, surdo/mudo. :: Já atitudes capacitistas acontecem, por exemplo, quando: há surpresa porque uma pessoa com deficiência concluiu a graduação, a pós, ou outro curso; não entendem como uma PCD consegue cuidar dos filhos, morar sozinha ou ser independente; dizem que a pessoa com deficiência parece “tão normal”. Confira mais informações no site https://comunicacao.unimedbh.com.br/diversidade que traz uma cartilha explicativa e todas as informações sobre a campanha.

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Medicina sem pressa

Terça Cultural debate medicina sem pressa Terça Cultural: Medicina sem pressa Data: 27 de agosto Horário: 19h30 Local: Centro de Convenções e Eventos da AMMG (Avenida João Pinheiro, 161, Centro, BG/MG) Inscrições: https://www.sympla.com.br/terca-cultural—medicina-sem-pressa__2578431 No dia 27 de agosto, especialistas falam sobre como exercer a atividade médica sem excessos e no tempo adequado A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), com apoio da Academia Mineira de Medicina (AMM), realiza no dia 27 de agosto, às 19h30, mais uma edição da ‘Terça Cultural’, com o tema ‘Medicina sem pressa’. No Centro de Convenções e Eventos da AMMG (Avenida João Pinheiro, 161, Centro), o especialista em Clínica Médica Breno Figueiredo Gomes e o gastroenterologista e hepatologista Guilherme Santiago trazem reflexões sobre os possíveis excessos no exercício da profissão e habilidades importantes que os médicos precisam desenvolver. O encontro será mediado pelo neurocirurgião Jair Leopoldo Raso. Na opinião de Guilherme Santiago, a medicina contemporânea é marcada por excessos: investigações desnecessárias, achados irrelevantes, intervenções injustificáveis. “Isso é preocupante, porque pode adoecer gente sadia e degradar o sistema de saúde”, avalia. Ele explica que há uma distorção do conceito de medicina preventiva, que não pode ser baseado na procura incessante por doenças. “Muitos fatores contribuem para essa atitude excessiva; por parte do médico, o tecnicismo exacerbado, a relação clínica acelerada e desatenta, as influências mercantis e as pressões do grande capital. Por parte dos pacientes, a expectativa irracional de que a tecnologia permite garantir saúde e eliminar riscos.” Segundo ele, com base científica, é mais fácil encontrar saúde verdadeira por caminhos mais simples e racionais. Breno Figueiredo Gomes considera as habilidades não técnicas necessárias para se tornar um médico completo de verdade. Trata-se das “soft skills”, habilidades leves em tradução direta, que são, por exemplo, comunicação, trabalho em equipe, capacidade empática, habilidade social, autocuidado, entre outras. Para o especialista em clínica médica, é necessário “demostrar que essas habilidades são tão importantes quanto as técnicas, que não passam de obrigação de todos os médicos”. Figueiredo revela que a ‘slow medicine’ ou medicina sem pressa é uma denominação da boa medicina. “A valorização extrema da anamnese, da boa relação médico-paciente-familiares-colegas, do olho no olho, do cuidado genuíno.” Ele completa que exames jamais podem substituir a atenção real ao paciente, e sim complementá-la. “A boa medicina é a solução para o sistema de saúde. Vamos discutir isso!” LANÇAMENTOS DE LIVROS Na ocasião, os palestrantes irão lançar seus respetivos livros. Breno Gomes Figueiredo apresenta ‘As sutilezas da medicina – soft skills para profissionais da área da saúde’, em parceria com o psiquiatra Luís Augusto Dias Malta e Guilherme Santiago lança ‘Medicina excessiva – sua causa e seus impactos’ INSCRIÇÕES https://www.sympla.com.br/terca-cultural—medicina-sem-pressa__2578431 Saiba mais sobre os convidados: Breno Figueiredo Gomes Pai da Malu e da Bebela, casado com a Camila.  Clínico Geral com 23 anos de prática. Coordenador da Equipe de Clínica Médica 5 da Rede Mater Dei de Saúde. ⁠Professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Guilherme Santiago Gastroenterologista, hepatologista, preceptor de residência e professor de semiologia. Coordena o Núcleo de Ensino e Pesquisa do Ipsemg e é titular da Academia Mineira de Medicina. Jair Leopoldo Raso Médico, escritor e diretor de teatro. Professor adjunto e secretário geral da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Curador de arte e cultura da Fundação Educacional Lucas Machado. Neurocirurgião dos hospitais Biocor e Unimed BH. Formado em medicina pela Faculdade de Medicina de Barbacena, tem especialização em neurocirurgia vascular e da base do crânio na George Washington University (EUA). Mestre e doutor em neurocirurgia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro titular da Academia Mineira de Medicina. Bacharel em Filosofia pela UFMG.  Diretor da Med&Cena Produções.

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