Exposição de Gui Mazzoni propõe uma compreensão do corpo humano para além do real
O médico e artista visual Gui Mazzoni, criador de nova técnica fotográfica que utiliza aparelhos de ultrassom, assina a mostra que estará em cartaz entre dois e 31 de outubro, no Espaço Cultural Otto Cirne. Mais do que exibir recortes sobre a vida, a fotografia é capaz de criar novos mundos, de conceber uma realidade própria que sugere várias formas de compreensão, é o que sugere a exposição ‘Sonata’.
Autor de experimentações que investigam possibilidades de observação via aparelhos de ultrassonografia, Mazzoni, que também é médico, abriu mão das câmeras convencionais para criar uma nova técnica fotográfica: a sonofotografia. Um híbrido de arte e ciência, o método possibilitou a criação de imagens com cores e ritmos, abrindo um leque para perspectivas que vão além da análise das estruturas humanas em si.
Por meio da subversão do aparato clínico, e utilizando o próprio corpo, o artista visual quer chamar atenção para uma nova percepção da vida. Um fato interessante, segundo ele, é que a imagem gerada pelos aparelhos de ultrassonografia não são uma representação da “realidade” – assim como a “verdade” não é retratada pelas câmeras. “As imagens dos aparelhos de ultrassom não correspondem à anatomia idêntica dos órgãos, são representativas. Isto porque a imagem se forma com o eco do som que retorna ao equipamento a partir das estruturas refletoras”, explica.
“A fotografia também nunca será real. Ela é um meio de tentar produzir imagens semelhantes à realidade”, ressalta Gui Mazzoni. Para ele, muitas vezes é possível aproximar-se dessa verdade, mas em tantas outras ocasiões as imagens se distanciam nitidamente da realidade. É exatamente esta a proposta da exposição Sonata. Composta por treze fotografias, a mostra pretende transportar o espectador para novos mundos e estimulá-lo a criar as suas extensões e fantasias sobre o corpo humano. “O imaginário nos conduz a inúmeros paradeiros. A sonofotografia navega nesta onda de modo potencializado, pois inova no instrumento de produzir fotografia, agora com o aparelho de ultrassom, além de inovar no modo como este equipamento é manipulado.” ‘Sonata’, como destaca o artista, sugere ainda uma reflexão acerca da utilidade ou não das coisas, do material, sobre a subversão de padrões, de objetos mundanos. “Transformar o que foi instituído é um saudável modo de evolução. Vivemos reproduzindo modelos, robotizando inúmeras ações.
“Aprender significa assimilar bases que nos permitem construir algo novo. Mas, infelizmente, vivemos em um mundo onde a sensação de sucesso é conseguir reproduzir com grande fidelidade modelos que alguém criou”, diz. “A sonofotografia é uma forma de romper com certos limites da medicina, que exige padrões reprodutíveis para que tenha validade como ciência. Por outro lado, a arte foge dos padrões para ser reconhecida como tal. É uma forma de produzir antagonismos a partir do mesmo instrumento”.
Texto: Mira Comunicação
A cada mês, o Espaço Cultural Otto Cirne abriga uma exposição de arte.
Onde:
O Espaço Cultural Otto Cirne está localizado no hall de entrada da Associação Médica de Minas Gerais, na Av. João Pinheiro, 161, Centro – Belo Horizonte.
Horário de Visitação
8h às 21h
Exposições:
São aceitas obras de arte de médicos associados e seus dependentes. Médicos não associados e artistas não médicos podem utilizar o espaço, dependendo da disponibilidade na agenda.
Mais informações: comunicacao@ammg.org.br / (31) 3247-1608
Janeiro | Dr. Wallace Alves |
Fevereiro | Braulio Bittencourt |
Março | Valdete Lino |
Abril | Joanna Scharlé de Vasconcelos |
Maio | Joanna Scharlé de Vasconcelos |
Junho | Marcelo de Paula |
Julho | Alcena Maria |
Agosto | Renato Cançado Ferreira Gontijo |
Setembro | Judson Oliveira |
Outubro | Gui Mazzoni |
Novembro | Stela Araújo & Marcos Wilke Alves |
Dezembro | Escola de Fotografia Studio3 |