Frederico Valim
Com um olhar diferenciado, Frederico Valim uniu arte e medicina em ‘Anomia humana’, que abrilhanta o Espaço Cultural Otto Cirne, durante o mês de agosto. Homônima ao conceito do filósofo, psicólogo e sociólogo francês Émile Durkheim, a mostra conta com ilustrações de partes do corpo humano que, em traços finos e descontinuados, formam imagens nas técnicas bordado, grafite e nanquim.
Embora Durkheim tenha expressado o seu pessimismo em relação à sociedade ao registrar um conceito, Valim trabalhou na contramão e, literalmente, desenhou o lado positivo das mudanças que podem ocorrer com cada indivíduo. “As angústias do mundo, do conjunto social em que estamos inseridos podem ter o seu lado bom, e é isto o que revelo em meus desenhos”, explica. As peças são quadros nos quais as figuras não são como nos livros de anatomia, mas suavizadas pela leveza do seu trabalho.
O gosto pelas artes permeia os pensamentos do artista desde a infância, quando em Anápolis (GO), sua cidade natal, já esboçava os primeiros traços. Com o incentivo da mãe, desenhar se tornou um hobby sério que acumulou cadernos e mais cadernos ao longo dos anos. Autodidata na arte, deu um tempo neste ofício para se dedicar à escola médica. Agora, graduado, organiza suas horas entre cuidar das pessoas e passar para o papel as suas impressões sobre elas.
Frederico Valim
Sobre estilo, Frederico Valim afirma mesclar o expressionismo e o impressionismo: “No fundo, sou minimalista e procuro enxugar as minhas obras, deixando-as leves, mesmo naquelas em que uso ‘vermelho sangria’ para dar mais vida ao meu traçado”, confessa. Sua inspiração vem nos momentos de fuga do cotidiano, tanto que afirma que longe das artes talvez não conseguisse finalizar a faculdade. “Com os dias corridos, reservo algumas noites para produzir em casa e me distanciar do que acontece lá fora!”
O artista plástico espanhol Guim Tió e o pintor austríaco Egon Shiele estão entre os nomes importantes da arte contemporânea e que são admirados por Valim. Embora acompanhe outros renomados artistas, ele é enfático em dizer que não se vê vivendo somente de suas produções: “Daqui uns 20 anos, espero que o futuro me aponte novos caminhos. O cinema pode ser um deles, mas talvez possa me dedicar à docência e à pesquisa, tão negligenciadas atualmente”.
Pela primeira vez na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), já participou de exposições coletivas. “Como não me aprecia a pressão em ter que produzir, meu objetivo será apresentar novidades ao público nos momentos em que as atividades como médico me permitirem criar.” O acervo de ‘Anomia humana’ será comercializado e fica em exposição até o final do mês de agosto.
Frederico Valim
O Espaço Cultural Otto Cirne está localizado no hall de entrada da AMMG e é destinado à exposição de obras de arte de autoria de associados e seus dependentes. Médicos não associados e artistas não médicos podem utilizar o espaço, dependendo da disponibilidade na agenda. Interessados devem entrar em contato com a Assessoria de Comunicação da AMMG, pelo telefone (31) 3247 1608 ou e-mail comunicacao@ammg.org.br.