Webinar Covid-19 apresentou atualizações em Minas Gerais
A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Associação Brasileira de Medicina de Emergência Regional Minas Gerais (Abramede MG), Sociedade Mineira de Infectologia (SMI)e Sociedade Mineira de Terapia Intensiva (Somiti) reuniram, na noite do dia 26 de maio, na Webinar Covid-19 com o tema ‘Atualizações – Panorama em Minas Gerais’. Especialistas falaram sobre os avanços nos cuidados e assistência aos portadores do Coronavírus
Com apresentação do diretor Científico da AMMG, Agnaldo Soares Lima, e coordenação da presidente da Abramede MG, Maria Aparecida Braga, o evento destacou a atuação da classe médica no estado, bem como o sucesso da política do isolamento social adotada precocemente na capital mineira. O secretário municipal de saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto, explicou como a Prefeitura se estruturou para antecipar o que estaria por vir: “Em março, quando o primeiro caso surgiu em Minas, as equipes de BH já estavam sendo treinadas, desde fevereiro, para atendimento com respirador. Formamos o comitê de crise e em 18 de março aconselhamos o prefeito Alexandre Kalil a fechar o comércio a cidade.”
Machado destacou que todo o planejamento foi para aumentar a curva entre infectados e leitos de atendimentos. “À medida que estamos vendo o avanço da doença, vamos aumentado os leitos de UTI. Criamos toda uma estrutura, inclusive uma plataforma online, destinada às pessoas com cadastro nos centros de saúde do município.” Ele avalia que BH está mantendo uma linha de transmissão ainda confortável em relação à oferta de atendimento. No entanto, com a recente flexibilização da reabertura do comércio, se a curva diminuir, a necessidade de atenção hospitalar pode aumentar: “Por isto, o cuidado com a flexibilização para não ocorrer explosão de casos na cidade”, concluiu.
O gerente da Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Alex Sander Sena Peres, afirmou que a partir do decreto do isolamento social, o número de atendimentos de urgência e emergência diminuiu. “A população entendeu quando se deve procurar o serviço.” Peres reflete que, mesmo com a leve tendência do aumento de atendimento com a flexibilização, ainda a situação é confortável. “No entanto, continuam sendo monitoradas as portas das unidades com a chegada de pacientes graves, para saber que decisões tomar.” Ele completa dizendo que houve investimento em equipamentos de proteção individual e treinamentos das equipes que estão na ponta direto com o paciente. “Colocamos ainda nas unidades tendas para ampliar o espaço de circulação. Caso o fluxo aumente, BH saiu na frente nessa estruturação.”
Situação em Minas
Carlos Starling, que além de diretor da SMI, integra o Comitê de Crise da Prefeitura de Belo Horizonte, apresentou os números de casos de coronavírus em Minas Gerais em comparação com estados como São Paulo, por exemplo. Segundo ele, o contágio por aqui evolui mais devagar, embora hoje muitos municípios minérios mais próximos à capital estejam com elevação exponencial do número de casos. A curva em BH ficou achatada, mas nas regionais, municípios próximos não está tão confortável, por isto a importância das barreiras sanitárias”, explicou Starling. O especialista também disse que é necessário reforçar a todo momento os cuidados com o avanço da Covid-19 entre a população e profissionais da área da saúde. “Já é sabido que a idade e comorbidades são fatores importantes a serem considerados. Pessoas com comorbidades têm seis vezes mais chances de morrerem por coronavírus e indivíduos com mais de 70 anos correm risco maiores também.”
Papel da Medicina Intensiva
O médico Intensivista e pneumologista, Marco Antônio Soares Reis, relatou que a experiência com a Covid-19 despertou novidades nas áreas de terapia intensiva, farmacologia e ventilação, por exemplo. “As etapas do coronavírus chamam atenção. Nos primeiros dias tosse seca e febre são predominantes, seguidos por dor e até diarreia. Na segunda semana há a liberação de citocinas. “A segunda e a terceira semanas são decisivas, pois o paciente pode ficar assintomático e depois ter uma queda de oxigenação e precisar de ventilação em CTI.” De acordo com Reis, 20% deles precisaram ser internados e 5% chegaram à UTI.
Para Hugo Urbano, diretor Científico da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) a Covid-19 trouxe um estresse muito grande para o sistema de saúde e para os profissionais se atualizarem. Durante esse período da pandemia, ele entendeu que os pacientes com coronavírus que precisam de UTI são os têm algum processo inflamatório, sobretudo, no pulmão. “A doença não é do pulmão, mas este é um órgão de choque. Há pacientes que têm acometimento renal, neural, além da parte respiratória. O mesmo paciente pode não ter a mesma apresentação o tempo todo, ele deve ser observado para a tomada de decisão.” Ele vê a doença como uma janela de oportunidades, na qual as estratégias podem ser avaliadas para a indicação de terapias melhores.
O especialista em Gestão em Saúde Pública Marcelo Lopes Ribeiro apoiou a coordenação das perguntas dos espectadores, entre elas sobre o uso da cloroquina em pacientes com a Covid-19. Todos os participantes contribuíram. A presidente da Abramede MG, Maria Aparecida Braga, considera que a utilização da cloroquina precisa ser avaliada caso a caso, inclusive porque as pesquisas ainda estão em andamento. Outros questionamentos como quando será o pico da doença no estado serão respondidos ao longo da semana pelos participantes.
A webinar continua disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=1AedmNw4AMc