A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) realizou sua primeira edição da Reunião Multidisciplinar, no dia 17 de março. O tema ‘Prevenção e Tratamento das Dependências Químicas’, sob a coordenação da Associação Mineira de Psiquiatria (AMP), teve a participação de integrantes da Associação Mineira de Medicina da Família e Comunidade, Sociedade Mineira de Pediatria, Associação Brasileira de Medicina de Emergência - Regional Minas Gerais, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Regional Minas Gerais e Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição do Estado de Minas Gerais e da Sociedade dos Acadêmicos de Minas Gerais.
A abertura foi feita pela pelo diretor científico da AMMG, Agnaldo Soares Lima, que falou da importância das reuniões e, posteriormente, palestrou sobre transplante de fígado em dependentes ao álcool.
De acordo com o coordenador do Centro Regional de Referência em Drogas da Universidade Federal do Estado de Minas Gerais (CRR UFMG), secretário da Associação Mineira de Psiquiatria e um dos organizadores da pesquisa, Frederico Garcia, até onde se sabe não há nenhum estudo epidemiológico, baseado em uma amostra populacional, evidenciando indicadores sobre o problema do uso de drogas, seus fatores de risco e consequências havia sido realizada em todo o município de Belo Horizonte. “Nós temos menos diabéticos do que pessoas com problemas pelo uso de drogas, mas, ainda assim, existem muito mais políticas públicas e campanhas direcionadas ao primeiro tipo de público. A droga hoje já está tão integrada na nossa rotina e isso prejudica muito as crianças”, alerta Garcia.
Garcia, apresentou alguns dados da pesquisa ‘Conhecer e Cuidar’ (2015), realizada pelo CRR UFMG, junto à Prefeitura de Belo Horizonte, que revelou que 1 milhão e 800 mil belo-horizontinos já experimentaram algum tipo de droga na vida, sendo que 300 mil habitantes têm algum transtorno relacionado ao consumo e 100 mil são dependentes. Além disso, 80% dos jovens que fizeram uso de bebida alcoólica até os doze anos relataram o terem feito em casa, na presença dos pais.
Para Ricardo Alexandre de Souza, diretor da AMMG e especialista em medicina da família e comunidade, é necessário investir em ações educativas e observar com mais atenção os fatores de risco.
O geriatra, Edgar Nunes de Moraes, abordou o aspecto da prescrição desenfreada e sem a menor necessidade de medicamentos junto ao público da terceira idade. Para Moraes, os médicos precisam ter consciência de que muito se pode fazer sem a ingestão de uma série de fármacos.
Ainda durante a programação foram abordados o uso de drogas iniciando na infância, passando pela adolescência, seguindo pela vida adulta e da necessidade de se ter mais atenção não só por parte dos educadores, como também dos pais para os sinais de alerta. Nos debates, especialistas alertaram para a banalização do consumo do álcool, amplamente incentivado pelas mídias e também pela sociedade.
Garcia fez o alerta para a redução do tempo de vida para quem faz, o consumo do álcool e outras drogas. “A estimativa, segundo pesquisas, é que ela diminua 10%. Só com o uso do álcool, ela cai para 8%, mas continua sendo alta.”
Ao final, especialistas das mais diferentes áreas chamaram a atenção para a importância de terem em mente que, nenhum tratamento para a dependência química se faz a um curto prazo, nem tão pouco se tem resultados positivos com intervenções isoladas, sejam elas medicamentosas, médica ou de terapias auxiliares.
Após o encontro, o diretor científico da AMMG, convidou a todos para a próxima reunião multidisciplinar que acontece, dia 18 de abril, com o tema: Defesa profissional: judicialização. Mais informações: seaci@ammgmail.org.br ou (31) 3247 1619.
Crédito: Arnaldo Athayde
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