Abril é o mês de Conscientização do Autismo
O dia Mundial de Conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é comemorado em dois de abril. A Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil – Capítulo Mineiro (Abenepi-MG) propõe, durante este mês, uma reflexão sobre o tema. A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) apoia a iniciativa e ilumina sua sede de azul – cor mundial da campanha. Divulgar informações sobre o TEA de forma clara, segundo especialistas, auxilia na redução do preconceito e na busca precoce de abordagens terapêuticas que envolvem psiquiatras, neurologistas e diversos profissionais da saúde, com a promoção de atividades que coincidam com as preferências individuais das crianças e famílias.
De acordo com a psiquiatra e presidente da Abenepi-MG, Simone Facuri Lopes, o diagnóstico precoce pode estar sendo negligenciado durante a pandemia, pois muitas vezes a suspeita surge na família, durante a convivência social com outras crianças da mesma idade que funcionam como um parâmetro de comportamento, e mais frequentemente, na escola e nas consultas da área da saúde, onde os profissionais percebem alguns sinais. “O diagnóstico tardio pode levar a uma demora nas intervenções e, consequentemente, à uma pior evolução da doença.
A especialista explica que nesse período de isolamento social, os estímulos tendem a ser mais restritos atingindo diretamente o desenvolvimento dessas crianças. “A variedade e constância destes são importantes, pois muitas vezes, essas crianças são bastante seletivas e nem tudo desperta o seu interesse. É importante que a família promova estas oportunidades ou busque orientação de profissionais.”
Facuri reforça que a convivência e a vinculação com outras crianças da mesma faixa etária são fundamentais, pois cria oportunidade de identificar semelhanças, seguir modelos, vivenciar os limites de uma forma mais intensa e lúdica. Isto deve ser promovido, mesmo se forem online. “A rotina de todos foi impactada e as crianças com TEA podem ser pouco tolerantes às mudanças. Dessa forma, o novo ritmo da casa imposto pela pandemia deve ser bem organizado e demonstrado para a criança de forma que ela consiga compreender e se sentir novamente segura.”
A especialista ainda explica ser importante investigar cuidadosamente toda a evolução do desenvolvimento psíquico e comportamental da criança em vários ambientes sociais para o diagnóstico, assim como descartar outras patologias neurológicas e psiquiátricas.
O que é o TEA
• Se caracteriza por déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, incluindo comportamentos não verbais e habilidades para desenvolver, manter e compreender os relacionamentos;
• É um transtorno de desenvolvimento da primeira infância, com apresentações heterogêneas e com graduações de intensidade;
• Varia com o nível do desenvolvimento da criança no momento do diagnóstico, a existência ou não de linguagem verbal e o nível de inteligência;
• Além destes déficits, o diagnóstico da doença requer a presença de comportamentos e interesses restritos e repetitivos;
• Os sintomas devem ser suficientes para causar um prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas de funcionamento geral.
Fique atento aos sinais que podem estar presentes mesmo nos bebês
• Negligencia ou evita o olhar do outro. Durante a amamentação, por exemplo, pode não olhar para a mãe;
• Não interage socialmente de forma apropriada, por vezes, não atende ao ser chamado;
• Chora muito ou é pouco reativo tanto às situações prazerosas ou de desprazer;
• Ausência da atitude de apontar com o dedo para compartilhar descobertas e brincadeiras;
• Apresenta inquietação constante, irritabilidade ou apatia exacerbada;
• Ausência de brincadeiras de “faz de conta”;
• Apresenta reações pouco usuais frente a percepções sensoriais, como determinados sons e texturas de alimentos;
• Pode ou não haver atraso ou ausência de fala, mas algumas vezes existe alguma alteração sútil na qualidade da fala para a faixa etária;
• Perda da aquisição da fala, balbucios ou habilidades sociais;
• Resistência às mínimas mudanças no ambiente ou rotinas;
• Movimentos estereotipados e repetitivos de tronco, mãos e cabeça;
• Interesses restritos a um determinado tipo de tema;
• Manejo dos objetos de modo peculiar. Um exemplo, se interessa pelas rodas do carrinho e não pelo objeto em si.
* Alguns sinais merecem atenção desde o nascimento. Entretanto, deve-se considerar que um sinal isolado não é o suficiente para o diagnóstico. A criança pode ter algumas características do tipo autísticas sem comprometimento do desenvolvimento como um todo.
Fontes: https://www.autismspeaks.org/signs-autism Learn the sings of autismo acessado em 25 março 2021
American Psychiatric Association Publishing, 2013. Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders (DSM-5), 5th edn. Washington, DC
Lord C, Elsabbagh M et al. Autism spectrum disorder, Lancet , 2018; 392: 508–20