Abril é o mês de Conscientização do Autismo
Especialistas propõem uma reflexão sobre o tema e esclarecimentos à sociedade
por meio das redes sociais
O dia Mundial de Conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi comemorado no dia dois de abril. A Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil – Capítulo Mineiro (Abenepi – MG) propõe, durante esse mês, uma reflexão sobre o tema e esclarecimentos à sociedade. A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) apoia a iniciativa e ilumina sua sede de azul – cor mundial da campanha - durante todo o mês.
TEA é uma complexa condição neurodesenvolvimental com impacto ao longo de toda a vida. Fatores genéticos e ambientais contribuem na etiologia do TEA e inúmeros estudos estão sendo desenvolvidos, mas ainda não são completamente conhecidos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma a cada 160 pessoas no mundo é portadora do TEA. No Brasil, os dados mais recentes falam de 27 a cada 10.000. Nos Estados Unidos, em 2018, a prevalência era de 1 para 59, em crianças de oito anos de comunidades estudadas ao longo de anos, com aumento significativo nas últimas estatísticas. Um diagnóstico tardio pode levar a uma demora nas intervenções e, consequentemente, no tratamento.
Segundo a classificação DSM-5 (2013): Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o TEA se caracteriza por déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, incluindo comportamentos não verbais e habilidades para desenvolver, manter e compreender os relacionamentos. Além destes déficits, o diagnóstico da doença requer a presença de comportamentos e interesses restritos e repetitivos. Os sintomas devem ser suficientes para causar um prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas de funcionamento geral. Estes sinais devem estar presentes em fases precoces do desenvolvimento, mesmo que não tenham sido evidentes na época, ou foram perceptíveis apenas quando as demandas sociais aumentaram. A Classificação Internacional de doenças, versão 11 (CID11) segue o mesmo enfoque do DSM-5.
A presidente da Abenepi-MG, a psiquiatra Simone Facuri Lopes, acrescenta que é um transtorno de desenvolvimento da primeira infância, com apresentações heterogêneas e com graduações de intensidade, daí o nome espectro autista. Ressalta que existe uma ampla gama de comprometimento do funcionamento social e o quadro varia também com o nível do desenvolvimento da criança, no momento do diagnóstico. Para ela, investigar cuidadosamente toda a evolução do desenvolvimento psíquico e comportamental da criança é essencial para o diagnóstico, assim como descartar outras patologias neurológicas e psiquiátricas. A utilização de vídeos domésticos é uma fonte valiosa de informação e também para o trabalho terapêutico, pois ajuda aos pais compreender melhor as reações das suas crianças. “Cada pessoa é única, com suas habilidades, interesses e dificuldades, assim também são as pessoas portadoras de diferentes graus de TEA. A intervenção precoce e os estímulos para o desenvolvimento da criança podem exigir diversos especialistas de acordo com a necessidade de cada situação. É uma força tarefa que envolve psiquiatras, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, fisioterapeutas e atividades que coincidam com as preferências individuais das crianças e das famílias.”
Ainda segundo a presidente, os sintomas comportamentais e neurológicos tradicionalmente relacionados ao TEA podem estar relacionados à outras patologias independentes ou em comorbidades como: convulsões; alterações do sono; ansiedade; alterações do humor; hiperatividade motora; déficit de atenção; distúrbios alimentares; alterações de capacidades cognitivas e executivas; alterações sensoriais, motoras e de linguagem.
“Conviver com pessoas que estão dentro do Transtorno do Espectro Autista é cada vez mais comum, mas para os pais, que recebem o diagnóstico fica a grande dúvida: Meu filho irá levar uma vida normal? Ele conseguirá fazer as atividades do dia a dia? Ele será independente no futuro?”
Para Facuri , estas e outras perguntas são muito comuns ao se diagnosticar uma pessoa com o TEA.
Perguntas frequentes:
• O que é Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
• Como perceber os sinais precoces da doença?
• Quais os mitos e verdades sobre o autismo?
Sinais que merecem atenção na criança pequena:
• Negligencia o olhar do outro. Durante a amamentação, por exemplo, pode não olhar para a mãe;
• Não interage socialmente de forma apropriada, por vezes não atende ao ser chamado;
• Chora muito;
• Apresenta inquietação constante ou apatia exacerbada;
• Ausência de brincadeiras de “faz de conta”;
• Ausência do apontar para compartilhar descobertas e brincadeiras;
• Não aceita o toque e fica incomodado com percepções sensoriais, como determinados sons e texturas de alimentos;
• Pode ou não haver atraso, alteração qualitativa para a faixa etária ou ausência de fala;
• Movimentos estereotipados de tronco, mãos e cabeça;
• Manejo dos objetos de modo peculiar
Alguns mitos sobre o autismo
• O autismo é um problema de origem exclusivamente psicológica;
• Vacinas causam autismo;
• O autista vive no seu próprio mundo;
• Pessoas autistas não demonstram afeto.